11 de maio de 2023
A obra é uma iniciativa do Programa Caminhos e celebra a importância de Anita Gomes dos Santos para a defesa dos direitos da população em situação de rua.
Algumas pessoas deixam uma marca tão forte em vida, que sua memória segue transformadora, mesmo após sua partida. Esse é o caso de Anita Gomes dos Santos, que fez de sua trajetória de rua, uma luta pelo direito das populações vulneráveis de Belo Horizonte e teve legado eternizado em uma obra de arte, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti. A escultura, criada pelo artista plástico mineiro Gu Ferreira foi instalada em um setor do parque que passou por um processo de revitalização.
Como um ciclo que se completa, a revitalização da área, com ganhos em paisagismo e iluminação, foi executada por um grupo de 11 pessoas que passaram por uma trajetória de vulnerabilidade social e hoje são atendidas pelo Programa Caminhos. Além do envolvimento na preparação do espaço, esses participantes também colaboraram com a execução da obra, em si, que foi criada a partir de sucatas.
"Essa obra carrega em si um significado muito importante. As pessoas em situação de rua, de um modo geral, não são vistas pelo restante da sociedade. E quando percebidas, elas são vistas como um problema e não como um grupo social de risco e que precisa de atenção e de ajuda. Nós precisamos dar visibilidade a essa parcela da população, levando a elas dignidade e esperança", afirma a desembargadora Maria Luiza de Marilac, Superintendente do Núcleo de Voluntariado do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e voluntária do Programa Caminhos.
“Ao longo de sua trajetória, a Anita é chamada a contribuir com o debate para implementação de políticas públicas para a população de rua. Se torna pioneira no diálogo. Mulher aguerrida que em muito contribuiu para os alicerces do que hoje chamamos de Movimento Nacional da População de Rua”, conta Samuel Rodrigues, representante do Movimento Nacional da População em Situação de Rua.
"Minha mãe foi uma pessoa que viveu a vida em prol de fazer o bem ao próximo. Chegou ao ponto de colocar 15, 20 pessoas morando dentro da casa dela, simplesmente por passar na rua e ver uma idosa, uma família em uma situação vulnerável, sem condições de nenhum tipo de amparo, exposta a todos os tipos de risco. Ela era esse tipo de pessoa, que dividia aquilo que praticamente não tinha. Foi um ser humano inigualável, incomparável", conta Fernando Santos Rolim Silva, filho de Anita. "Minha mãe foi tudo para mim e foi tudo para muita gente. Agradeço a todas as pessoas envolvidas, que pleitearam essa homenagem", completa.
"Anita foi uma pessoa em situação de rua muito especial. Abnegada, sempre preocupou-se com as demandas coletivas deste público. Militante ativa do Movimento Nacional da População de Rua, teve papel central em mobilizações em Belo Horizonte, como as manifestações contra a PEC 37. Merece todas as nossas homenagens", completa o promotor de justiça Paulo César Vicente de Lima, coordenador da Coordenadoria de Inclusão e Mobilização Sociais (Cimos/MPMG).